Preso em SC homem que atirou e feriu tenente da PM em Paranaguá

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Adilson foi preso em Blumenau

Agora Litoral
Foi preso nesta quarta-feira (27), em Blumenau, Santa Catarina, o homem acusado de ferir gravemente o tenente PM Valmir Jorge Comerlatto, em Paranaguá, na madrugada do dia 24 de março de 2002. A prisão dele foi possível graças a um trabalho integrado dos setores de inteligência das corporações do Paraná e Santa Catarina.

Adilson Putrique da Silva, de 41 anos – com extensa ficha criminal, inclusive de homicídio – foi preso por uma equipe do 10º BPM/SC no final da tarde desta quarta-feira próximo à sua residência, no bairro Fidelis (Morro da Laguna). Os militares chegaram até o criminoso após receberem a informação de que Adilson, com Mandado de Prisão em aberto, poderia estar em Blumenau.

Na casa dele, embaixo de uma cama, os policiais encontraram uma arma artesanal em fabricação, duas munições intactas e duas deflagradas de calibre 22.

Adilson tinha arma artesanal em casa

RELEMBRE O CASO
Na madrugada de 24 de março de 2002, uma equipe do 9º BPM de Paranaguá, sob o comando do tenente Valmir Jorge Comerlatto, deslocou-se para o Distrito de Alexandra, para capturar Adilson Putrique da Silva que, dois dias antes, praticara um roubo com arma a um posto de combustíveis naquela localidade.

O marginal, que também estava sendo procurado pela Polícia Civil pela prática de um homicídio na cidade de Joinville/SC, era suspeito ainda de vários roubos a postos de combustíveis em Paranaguá, que, à época, atormentavam comerciantes e tiravam o sossego da própria polícia.

O paradeiro do criminoso foi denunciado, anonimamente, pelo 190 da Polícia Militar. Na ocasião, quem recebeu a denúncia foi o então sargento Joel da Rosa Silva. Após receber as informações uma equipe PM deslocou-se até o local apontado como esconderijo de Adilson Putrique da Silva.

Além do tenente Valmir Jorge Comerlatto, integravam a equipe o cabo João Carlos da Silva, hoje sargento da Reserva e Secretário de Segurança Pública de Paranaguá; o cabo Luiz Antonio de Moraes, hoje sargento da Reserva; o soldado Edson Carlos da Costa, hoje na Reserva; o soldado Joel da Veiga Filho, atualmente aposentado; e o então aspirante a Oficial André Henrique Soares, hoje capitão, lotado da Secretaria da Segurança Pública do Estado do Paraná.

Ao se aproximarem do local onde estava escondido o criminoso, Adilson inusitadamente abriu a porta do casebre onde estava e, repentinamente, realizou vários disparos de arma de fogo contra o tenente Jorge Comerlatto, no intuito de matá-lo.

O tenente foi alvejado na cabeça, ficando gravemente ferido. Rapidamente o autor dos disparos fugiu para um matagal, tomando rumo ignorado, mas foi imediatamente identificado pelos presentes à ocorrência.

O soldado Joel da Veiga Filho conduziu o tenente ao Pronto Socorro do Hospital Santa Casa (hoje Hospital Regional), de Paranaguá, onde o oficial sofreu intervenção cirúrgica para extração dos projéteis e estancamento da forte hemorragia, enquanto os demais policiais pediram reforços e realizavam diligências à cata do autor dos disparos.

Tenente Jorge foi baleado (Foto de 2002)

Dentro da mata, Adilson Putrique da Silva também disparou em direção aos soldados Licínio Santos Espíndola (hoje aposentado) e José Pereira dos Santos, ainda na ativa (tira serviço no Fórum), os quais revidaram à agressão, mas o bandido fugiu.

Em seguida, ainda na fuga, Adilson disparou na direção do soldado Marcio Luis Rodrigues, da P2, e do então sargento Willians Sérgio de Oliveira, hoje subtenente aposentado, que igualmente revidaram.

Seguindo na fuga tresloucada, Adilson disparou em direção à equipe do GOE, comandada pelo cabo Jesse de Oliveira Mendes, que também revidou, mas, ao que tudo indica saiu ileso, pois não foi capturado.

GUERRILHEIRO
No dia seguinte ao tiroteio, todos os PMs realizaram um pente fino no local até por volta das 11 da manhã. Nessas diligências foi encontrado um taipiri (barraca típica de guerrilheiros), contendo frutas, roupas, água potável e farta munição.

A forma de agir, atirar e se esconder de Adilson indicam que ele teve treinamento militar. À época, as diligências foram feitas por vários dias, no sentido de prender o autor do fato, mas sem êxito.

SEQUELAS
O tenente Valmir Jorge Comerlatto ficou com quatro estilhaços de projétil de arma de fogo alojados em sua cabeça, que ocasionaram sequelas de natureza grave e que culminaram com a sua incapacidade para o trabalho policial militar, e consequente reforma (aposentadoria).

Em entrevista ao Agora Litoral, ele confirmou que até hoje ainda sofre com as consequências dos ferimentos provocados pelos tiros disparados por Adilson, principalmente porque os projéteis não foram extraídos por se encontrarem numa região vulnerável da cabeça.

Tenente Jorge hoje é advogado

CAPTURA E LIBERDADE
Adilson Putrique da Silva foi capturado somente em maio de 2018, pela Delegacia de Vigilâncias e Capturas de Curitiba. O processo, que havia iniciado em 2013, em Paranaguá, foi reiniciado, com a citação do réu, inquirição de testemunhas e produção de provas.

Contudo, o Tribunal de Justiça do Paraná concedeu liberdade provisória ao Réu, sob o compromisso de comparecer a todos os atos do processo, e se apresentar mensalmente ao Juízo. Porém, ele simplesmente se evadiu e nunca se apresentou.

PRISÃO
Em audiência realizada no dia 20 de março deste ano, atendendo requerimento do Promotor de Justiça, Rodrigo Casagrande, a Juíza Cintia Graeff decretou novamente a prisão preventiva do Réu, cujo Mandado foi expedido na terça-feira, 26.

Nesta quarta-feira (27), num brilhante trabalho da agência central de Inteligência da P/2 do Paraná, com ajuda da Agência de Inteligência da P/2 de Santa Catarina, GU Tático, Gu Pós crime e Rádio Patrulha (todos do 10º BPM), Adilson Putrique da Silva finalmente foi preso em Blumenau.

Ele estava tão confiante que possuía três contas ativas no facebook. Nos perfis, Adilson Putrique alterava algumas letras no nome para tentar permanecer impune dos crimes.

Um dos perfis de Adilson no face

TRIBUNAL DO JÚRI
Ao que tudo indica, Adilson Putrique da Silva deverá ser levado a Júri Popular no segundo semestre deste ano, pois, no processo, falta ouvir apenas uma testemunha (Capitão André), que reside em Curitiba, e o próprio Réu.

MARCADO:
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