Um grupo de manifestantes promoveu um buzinaço em frente ao Hospital Municipal de Guaratuba, no litoral do Paraná, no sábado (3/4). Eles protestaram contra as medidas de restrição no combate à pandemia na cidade e defenderam o uso de tratamento precoce para a Covid-19, que não possui eficácia comprovada contra a doença.
A prefeitura de Guaratuba tem promovido medidas extremas para evitar a proliferação da infecção, entre elas a proibição do uso de espaços públicos, inclusive a faixa de areia da praia, e até um lockdown, a exemplo de Curitiba.
No local, profissionais de saúde, entre eles o secretário municipal da pasta, responderam com silêncio e cartazes. Entre eles, as frases “silêncio, por favor respeite os pacientes” e “números têm nome”.
“Me entristeceu muito ver pessoas que lá atrás me ligavam de noite pedindo ajuda para um familiar com Covid, e outros que eu sabia que haviam perdido familiares. Foi difícil ver a forma como alguns nos receberam, com palavras contrárias, esquecendo que somos nós que estamos lá a qualquer horário lutando por eles”, lamentou o secretário, Gabriel Modesto.
Segundo o secretário, no momento da manifestação, estava acontecendo um parto na instituição. Pacientes de Covid-19 ficam no Pronto Socorro Municipal.
A ação foi organizada pela Associação Comercial e Empresarial de Guaratuba (Acig) e contou com carros “vestidos” com a bandeira do Brasil.
OUTRO LADO
Já os manifestantes discordam do afirmado pela prefeitura e dizem que respeitaram o Hospital Municipal e que nenhum buzinaço foi feito perto da casa hospitalar.
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Guaratuba-ACIG, Braulio Augusto Pedrotti, considerou o manifesto positivo e que alguns manifestantes que não respeitaram as determinações dos organizadores foram chamados atenção.
“A renda da iniciativa privada, os impostos, é que mantém os serviços públicos funcionando; não temos nada contra o funcionalismo público“, afirmou Pedrotti.
Ainda segundo ele, algumas pessoas que participaram da manifestação também são empresários e se juntaram à carreata. O presidente da ACIG elogiou o secretário de Saúde do município e disse que alguns que não respeitaram as determinações da manifestação não representam os organizadores.
Por último, Pedrotti questionou a quem interessaria jogar a opinião pública contra a iniciativa privada. “Os empresários estão preocupados com a fome, a miséria e a pobreza, que são tão graves como o vírus. Só queremos trabalhar, de segunda a domingo até às 20h”.
Guaratuba tem 37.527 habitantes e confirmou 3.787 casos do novo coronavírus desde o começo da pandemia, com 2.822 pessoas recuperadas e 116 mortes registradas pela doença, segundo o boletim divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesa), neste domingo (4/4).