O grande volume de chuva que cai no Litoral do Paraná desde o início desta semana provocou deslizamentos e alagamentos. Em Paranaguá, município mais afetado, alguns moradores estão desabrigados. O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil estão atuando com sinal de alerta para verificar as áreas afetadas.
Segundo os Bombeiros, o sistema que monitora as estações meteorológicas na região apontou que a área mais atingida pelas chuvas foi o município de Paranaguá, que registrou, até o momento, 140 mm de chuva. Na sequência, há Guaratuba que teve 98 mm de chuva acumulada e Guaraqueçaba com 67 mm.
Os acumulados de chuvas intensificaram-se expressivamente, de sexta para sábado, em determinadas regiões do litoral do Paraná, com destaque às comunidades de Morro Inglês, Alexandra, Santa Cruz e Floresta, todas no município de Paranaguá.
De acordo com dados da Defesa Civil, no Morro Inglês o acumulado foi de 202 mm; na BR 227, km 10, 252 mm; em Paranaguá 151,8 mm; em Guaraqueçaba 104 mm; e na comunidade de Floresta, 100 mm em 24 horas.
“O monitoramento está sendo feito de forma constante pelo Corpo de Bombeiros e pelas Coordenadorias Municipais de Proteção e Defesa Civil (COMPDECs). A aeronave do BPMOA (Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas) também está dando apoio para fazer a verificação aérea das áreas que foram afetadas ou podem ser afetadas pela chuva”, afirmou o Corpo de Bombeiros.
MUNICÍPIOS
Paranaguá – A cidade de Paranaguá foi a região mais atingida pelas fortes chuvas que acometeram o litoral paranaense. Segundo o Corpo de Bombeiros, foram registrados seis chamados para verificação. Nove pessoas atingidas e mais sete pessoas desalojadas, que foram encaminhadas para casas de parentes e amigos.
Ainda ocorreu deslizamento de terra próximo à BR-277, no km 8. Apesar disso, não houve grandes danos no fluxo de veículos no local.
Guaratuba – Próximo ao Ferry-Boat, onde ocorre a travessia de veículos, houve um deslizamento e o fluxo de acesso foi paralisado. Ninguém ficou ferido e a prefeitura ficou responsável pela limpeza do local. Porém, segundo o 8º Grupamento de Corpo de Bombeiros, outra via permanece funcionando regularmente sem nenhuma alteração.
Guaraqueçaba – Em Guaraqueçaba, há pontos de alagamento e, por conta disso, houve a interrupção no trânsito de veículos em alguns pontos da PR-405, via que liga o município em questão à cidade de Antonina.
Matinhos – Em Matinhos, houve deslizamento de terras em uma região de mata, no bairro Sertãozinho. Contudo, não houve danos ou interferências em relação ao acesso de veículos, segundo destacou o grupamento.
Pontal do Paraná – A Defesa Civil recebeu alguns chamados informando o registro de alagamentos e inundações em determinados pontos da comarca. Por conta disso, algumas pessoas receberam orientações.
Antonina – Houve, em Antonina, deslizamento de terra no bairro Tucunduva. Apesar disso, poucos danos à via pública foram registrados.
Morretes – Ainda não há informações sobre ocorrências na cidade.
MONITORAMENTO
“Devido às constantes chuvas nos últimos dias, os solos estão bastante encharcados. Em virtude disso, o monitoramento por parte do Corpo de Bombeiros é contínuo, em especial nas áreas de morros e montanhas, onde podem ocorrer deslizamentos. Até o momento, não houve vítimas atendidas pelo Corpo de Bombeiros”, disse a representante de Comunicação Social do 8º Grupamento do Corpo de Bombeiros.
O monitoramento também está sendo feito a partir do Centro Estadual de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cegerd), que se comunica diretamente com os municípios e as regionais de todo o Estado. O Cegerd acompanha as informações do Simepar e outras instituições de meteorologia para emitir alertas para situações que têm potencial para causar desastres.
No mês passado, os geólogos da Defesa Civil já tinham feito um sobrevoo pelo Litoral para monitorar as áreas de encosta, já que a região é uma das mais sensíveis do Estado, principalmente durante o verão, que é historicamente uma estação mais chuvosa.
Em março, completam-se 10 anos do maior desastre socioambiental que atingiu a região, deixando muitos estragos principalmente no município de Morretes.
“Caso a previsão de chuvas se concretize, faremos novos sobrevoos no sábado ou no domingo e começamos a mobilizar outras ações, indo a campo para acompanhar a situação”, afirmou a geóloga Fabiane Acordes. “Todos os municípios do Litoral têm seus planos de contingência, que incluem as áreas de maior atenção e as medidas a serem tomadas caso a Defesa Civil dispare um alerta para a região”, acrescentou.
PREVENÇÃO
De acordo com a geóloga Fabiane Acordes, a população também pode fazer a sua parte. A orientação é para que as pessoas que vivem próximas a áreas de risco, como encostas ou rios, monitorem a região. Se verificarem a possibilidade de ocorrência de um desastre, devem procurar um local seguro e acionar a Defesa Civil Municipal ou o Corpo de Bombeiros, pelos telefones 199 ou 193.
É importante ficar atento a alguns sinais no seu entorno, que podem indicar que terreno está instável e se movimentando:
- se há indício de rachadura ou uma trinca nova;
- a encosta está com um declive maior;
- surgiu uma nascente que não tinha;
- há muita água escorrendo na encosta;
- se há acúmulo de água no terreno ou uma árvore que inclinou.
Caso haja dúvidas sobre como agir, conheça as dicas para cada situação AQUI.
A Defesa Civil também envia alertas gratuitos pelo celular. Para receber, basta enviar um SMS com o número do CEP endereçado ao 40199. Após o envio, o usuário receberá uma mensagem de confirmação e passará a receber os alertas para a região.
ACUMULADO
De acordo com o Simepar, o acumulado de chuvas desde a meia-noite desta sexta-feira chegou a 108,8 milímetros em Paranaguá, 67,8 milímetros em Guaraqueçaba, 58 milímetros em Guaratuba e 30 milímetros em Morretes.
Em Paranaguá, por exemplo, a média de precipitações para o mês de janeiro é de 280 milímetros, mas neste mês o acumulado já foi de 401 milímetros.
“Está chovendo bem acima da média, com uma chuva contínua ao longo da semana, o que merece atenção por parte da população. E a previsão é de mais precipitações neste fim de semana e, pelo menos, até a próxima quarta-feira (27)”, explica o meteorologista Marcolino Nascimento.