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Dois grupos de Paranaguá atuavam na remessa de cocaína para o exterior

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As investigações da Polícia Federal e Receita Federal que culminaram na deflagração da Operação Enterprise, na segunda-feira (23), contra o tráfico internacional de cocaína e lavagem de dinheiro, demonstraram que na cidade de Paranaguá, no Litoral do Paraná, dois grupos atuavam na logística para armazenagem e envio da droga pelo porto da cidade.

O esquema envolvia o transporte de cocaína, de São Paulo para Paranaguá, através de caminhoneiros cooptados pela organização criminosa, a estocagem em galpões e a colocação da droga em contêineres, que contava com apoio de dois funcionários do Terminal de Contêineres de Paranaguá-TCP.

O líder da quadrilha, Sergio Roberto de Carvalho, ex-major da Polícia Militar, vinculado a diversos crimes, principalmente o tráfico internacional de drogas, estaria em algum país da Europa e ainda está sendo procurado.

Sergio Roberto, conhecido como “Paul Wouter”, comandaria o que foi denominado pela Polícia Federal como “a maior e mais estruturada organização criminosa especializada em exportações de carregamentos de cocaína para a Europa”.

Contudo, o esquema liderado por Sergio Roberto, que tinha seis subgrupos distribuídos pelo Brasil, não se limitava ao tráfico de cocaína. As investigações apontaram que ele era responsável também pela lavagem do dinheiro ilegal, homicídios e outros crimes.

Paranaguá tinha dois subgrupos da organização

O minucioso trabalho investigatório da Polícia Federal – que iniciou após a apreensão pela Receita Federal de 776 quilos de cocaína, em setembro de 2017, no porto de Paranaguá – comprovou a existência de dois subgrupos da organização criminosa na maior cidade do litoral paranaense.

Esses núcleos, cujos líderes foram presos na “Operação Enterprise”, atuavam de forma coordenada na exportação de carregamentos de cocaína para vários países da Europa. E os métodos eram diversos: desde a ocultação em contêineres com o método “rip-on/rip-off” (quando a droga é inserida na carga sem o conhecimento dos exportadores e importadores), até a ocultação em cargas e máquinas.

LÍDERES

As lideranças desses dois sub-grupos (o primeiro comandado por Marcio Luiz Cristo, o “Honda” e Luiz Carlos Bonzato Sgarioni, o “Luka”, e o segundo por Jorge Santos Zela, o “Zoio”) atuavam sob o comando de Sergio Roberto Carvalho e eram responsáveis por cooptar caminhoneiros, organizar a vinda da cocaína para Paranaguá, providenciar locais para armazenagem e a colocação da droga em contêineres, além de procurar formas de lavar o dinheiro ilícito obtido com o tráfico.

Outra característica dos subgrupos que atuavam em Paranaguá era a agressividade. As investigações constataram que eles foram responsáveis por assassinatos brutais de desafetos, subordinados e testemunhas. Tudo para manter como prioritários os interesses da organização criminosa.

Entre os homicídios comprovados pela Polícia Federal feitos pelos comandados de Sergio Roberto Carvalho em Paranaguá destacam-se os de Reginaldo Bergamaski, o “Evoque”, morto com tiros de fuzil e pistola 9mm em 25 de março de 2019 no bairro Uberaba, em Curitiba; e dos irmãos de Paranaguá: Emerson Pereira, o “Mestre”, e Enderson Albini Pereira na cidade de Piraquara, em 16 de maio de 2018. Os irmãos foram executados a tiros dentro de uma van.

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Balanço da Operação Enterprise

A Polícia Federal divulgou o balanço da Operação Enterprise, deflagrada na última segunda-feira (23) com o objetivo combater a lavagem de dinheiro do tráfico internacional de drogas.

Foram expedidas 215 ordens judiciais, sendo 66 mandados de prisão preventiva e 149 de busca e apreensão.

Entre prisões, sequestro de bens e apreensões, a Polícia Federal divulga o seguinte balanço da operação:

– Prisões: 40 (37 no Brasil, 1 no Panamá, 1 na Colômbia e 1 na Espanha);

– Drogas apreendidas: 200kg de cocaína;

– Veículos – 61;

– Motocicletas – 5;

– Caminhões – 4;

– Jet-ski – 1.

– Patrimônio bloqueado – em imóveis, carros de luxo, jóias e aeronaves, cerca de R$ 400 milhões. Entre as aeronaves, houve o sequestro de 37. Uma delas, que se encontra na Europa, avaliada em cerca US$ 20 milhões.

Armas de fogo e munições – Foram apreendidas 16 armas de fogo, um simulacro e 507 munições.

Dinheiro – R$ 1.141.002,00, U$ 169.352,00, € 9.000,00 e 1.120 Dirham (moeda dos Emirados Árabes Unidos).

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