Uma jogadora de vôlei de Paranaguá sofreu um ataque racista no domingo (18/6), durante uma partida de vôlei válida pelos Jogos Abertos do Paraná, em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC).
O caso aconteceu no ginásio da Escola Municipal Carlos Drummond de Andrade, enquanto acontecia a disputa entre os times de Colombo e Paranaguá.
A vítima relatou que tentou parar o jogo três vezes por conta das ofensas proferidas contra ela. Como não houve nenhuma medida efetiva da arbitragem, a atleta Suellen Cordeiro resolveu denunciar o caso à polícia.
“Na torcida tinha uma pessoa que é namorada de uma das atletas de Colombo que cometeu injúria racial comigo ele proferiu a seguinte frase: tinha que ser de Paranaguá mesmo esta preta, e antes ele já estava xingando, depois ele continuou a xingar quando a partida encerrou, ele xingou, ele comemorou, ele fez gestos e estava debochando rindo, e nenhum momento foi feito nada”, desabafou a atleta.
O homem, que não teve o nome divulgado, foi preso em flagrante e deve responder pelo crime de injúria racial.
A Nelp Univolei Paranaguá divulgou nota de repúdio.
“Manifestamos nosso mais veemente repúdio a qualquer ato racista e toda discriminação que venha ocorrer no ambiente esportivo. São inadmissíveis os atos criminosos de racismo, injúria racial e seus autores no voleibol, onde prezamos pela competição saudável e pelos valores que o esporte educacional ensina. A Ética, o jogo limpo, a honestidade, a superação e dedicação, o trabalho em equipe, o respeito às regras e leis. O esporte é um direito social de todos e a quadra de vôlei sempre será um ambiente democrático onde jogamos, competimos e nos divertimos uns com os outros. De forma que ao final de cada partida, aprendizado e relacionamentos são construídos e desenvolvidos. É por isso e para isso que jogamos voleibol.”
Em nota, o Governo do Paraná também repudiou o ataque racista.
“O Governo do Estado repudia o lamentável episódio de racismo ocorrido no domingo (18), em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), durante partida de voleibol dos Jogos Abertos do Paraná (Jap’s). O Estado se solidariza à vítima e manifesta total condenação a qualquer forma de discriminação racial, seja no âmbito esportivo ou na vida cotidiana.
No domingo, a Polícia Militar do Paraná (PMPR) agiu prontamente, assim que acionada pela vítima. O homem foi autuado em flagrante por injúria racial. Os policiais encaminharam o denunciado para a Delegacia de Campo Largo. A Polícia Civil do Paraná (PCPR) instaurou um inquérito policial para investigar o caso. Todas as diligências cabíveis estão sendo realizadas a fim de esclarecer o fato”.
A Secretaria de Estado do Esporte ressalta que o objetivo do esporte é unir as pessoas, promover a inclusão e celebrar a diversidade. “Os Jogos Abertos têm como foco criar um cenário em que todos os cidadãos possam participar e desfrutar plenamente das atividades esportivas. A discriminação racial não tem lugar no estado do Paraná.”
A Federação Paranaense de vôlei repudiou o episódio e disse que vai reforçar para equipe de arbitragem o protocolo a fim de que todos atuem com precisão em casos semelhantes.
“A entidade, também, se coloca à disposição e expressa toda solidariedade à atleta vítima do lamentável episódio. É inaceitável que ataques racistas sigam acontecendo e sendo vistos como algo normal ou como uma brincadeira. Essa forma sistemática de discriminação não será tolerada em nosso meio. Sendo assim, a instituição irá reforçar as condutas necessárias ao seu quadro de colaboradores […] para agirem com precisão em casos semelhantes que possam acontecer em competições de voleibol, sendo da Federação ou não”, escreveu em nota.
CRIME
Injúria racial tem pena equiparada ao crime de racismo, com prisão de dois a cinco anos, sem direito a fiança. Nos casos em que os atos são cometidos no contexto de atividades esportivas, religiosas ou culturais, a lei prevê também aumento das penas, além da proibição do autor de frequentar esses locais por três anos.